sexta-feira, 7 de março de 2008

A FORMA DE ESCRITA DA BÍBLIA

A FORMA DE ESCRITA DA BÍBLIA

A primeira circunstância que temos de perceber é de que a Sagrada Escritura é a constituição de livros sagrados reunidos e que foram escritos por pessoas diferentes, em culturas diferentes e em épocas diferentes..Entre o fato acontecido, a inspiração de Deus e a forma de interpretação e escrita do autor, existem um texto final que na maioria das vezes requer uma investigação mais apurada e precisa. Isso não significa que o autor sagrado se equivocou, mas que na verdade ele trabalhou o texto com elementos que tinha a sua disposição. .É natural que isso aconteça porque muitos escritores sagrados foram compor os textos muito tempo depois dos fatos terem acontecido. Assim, o autor sagrado teve o trabalho de reconstruir os acontecimentos. Essas reconstruções foram possíveis principalmente por causa da arte que o povo escolhido tinha de vivenciar sua fé através da proclamação oral cf. Dt 6,20-25, isso significa que esse costume privilegiou as gerações futuras que conseguiram guardar as manifestações de Deus em seu meio até que se chegasse a um texto escrito.. Além dessas perspectivas temos também os estilos de escrita que indicava a que grupo o autor sagrado pertencia, são estes o estilo javísta, o estilo eloísta e o estilo deuteronomista. Estes estilos nos dizem que ao escrever o autor sagrado também tinha uma intenção, um objetivo para o leitor entender ou perceber algo significativo no texto. Nesse ponto, a Bíblia está repleta desses estilos e intenções. .Jesus mesmo usava da metodologia das parábolas a fim de que as pessoas entendessem de forma mais simples as exigências do Reino que muitas vezes ficavam obscurecidas nas palavras escritas. Mas também seus discípulos, ao escreverem sobre suas obras, usaram desses estilos. Em Mateus, se percebe que o evangelho foi escrito especificamente para os judeus quando faz uso da expressão “Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito” cf. Mt 1,22. Marcos menciona pequenos detalhes como o “cuspe” que Jesus usou para curar o cego cf. Mc 8,23. Lucas é metodológico e investigador cf. Lc 1,1-4. João, em seu evangelho, substituiu o uso da palavra “milagre” por “sinais” cf. Jo 2,11. . Se voltarmos nossa atenção para o Antigo Testamento percebemos que, das inúmeras leis mosaicas, muitas não pertenciam à lei de Deus e nem por Deus foram ditadas como, por exemplo, a lei de Tailão cf. Lv 24,19-20. Também no Novo Testamento temos até uma referência bíblica que somente é encontrada nos escritos apócrifos cf. Jd 1,9. Ainda temos as diferentes narrativas de um mesmo fato descrita nos evangelhos pois, onde um conta haver um cego, outro conta que haviam dois e assim por diante..Estas situações não minimizam a credibilidade da Bíblia, são elementos dos quais o autor sagrado dispunha para trabalhar. Muito ingenuamente, alguns pensam que os autores sagrados ouviram da boca dos próprios anjos as narrativas que escreveram. Isso não é certo. Dá-se a entender que Deus teria ditado os textos bíblicos quando na verdade apenas os inspirou para que fossem compostos. O trabalho de averiguar a natureza dos fatos e de como estes se deram é de exclusividade do autor sagrado. Assim, podemos ver a beleza de como Deus usa das percepções de cada um de seus escolhidos para descreverem suas maravilhas com detalhes que somente eles podiam ter observado.

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