quarta-feira, 16 de abril de 2008

FÉ CRISTOLOGICA

Para a fé cristã só existe um Jesus Cristo. Nele encontramos um homem verdadeiro, nosso irmão (condição humana real) e, simultaneamente, encontramos Deus (condição divina real). Homem verdadeiro e Deus verdadeiro, confessa a igreja.
A condição divina é vivida em 2 etapas, uma caracterizada pelo serviço, e outra pela glorificação.
Etapa de serviço inicia-se no primeiro instante da vida de Jesus, na encarnação, e termina na morte de cruz. A etapa de glorificação começa com a Ressurreição de Jesus e perdura por toda a eternidade.
E precisamente pq JC é dos nossos, da família humana, e, simultaneamente, de Deus, realmente divino, pode ser a ponte entre Deus e os seres humanos, isto é, pode ser Mediador.
O Novo Testamento nunca separa o Jesus terreno, o Jesus da etapa de serviço, do Jesus Glorificado. Trata-se sempre do mesmo JC vivendo, isso sim, duas etapas diversas da sua existência. Entretanto, na história da igreja se têm desenvolvido orientações que acentuaram o valor da glorificação em detrimento da etapa de serviço enquanto que outras têm feito justamente o contrario. Isto foi conseqüência do influxo da visão dicotômica ou dualista do ser humano.
Como é sabido, esta visão estabelece uma relação de exclusão entre alma e corpo de tsl maneira que a acentuação do valor da primeira implica na negação ou desvalorização do segundo. Ou, ao contrario, a valorização do corpo é feita em detrimento da alma. A mesma coisa acontece com a articulação entre duas dimensões do humano, tais como razão-afeto, individual-social etc. Esta visão repercute, e muito, no modo de se viver à existência cristã e tb sobre toda compreensão teológica (sobre esse tema pegar o livro do Rubio Unidade e Pluralidade e dar uma lida)
Na cristologia, obviamente, a valorização do Cristo Glorificado tem levado a deixar muito em segundo plano a importância do caminho do serviço, que levou JC até o desfecho da cruz, ou, ao contrário, a valorização de Jesus terreno tem levado a descuidar ou deixar de lado o glorificado.

Quando se valoriza unilateralmente o Cristo Glorificado:

As celebrações litúrgicas tendem a ficar separadas do seguimento do caminho do serviço vivido por Jesus. Especialmente, a celebração da Eucaristia tende a acontecer separada da partilha e do amor-serviço (cf 1Cor 11,17ss).
Sem levar em consideração a vida concreta de Jesus de Nazaré, pode-se muito facilmente interpretar o CRISTO de maneira ideológica, utilizando-o para justificar os mais variados interesses; quando se esquece a missão do servidor, desenvolve-se com facilidade um espiritualismo desencarnado. Não basta invocar o Espírito de JC. É necessário se perguntar se se trata do mesmo Espírito que impulsionou Jesus em sua missão Messias-servidor; esquecida a missão de servidor, é muito fácil utilizar o Cristo_Poder para justificar e sacralizar poderes deste mundo: políticos, econômicos e outros. O poder de JC pode ser utilizado também para justificar o exercício dominador da autoridade na Igreja. Na referencia exclusiva ao Cristo glorificado, é fácil esquecer que Jesus não se manteve neutro diante de seus conflitos de seu tempo e de sua sociedade. Ele fez claras opções pelos excluídos e enfrentou decididamente poderes opressores. Quando se deixa de lado o caminho do serviço vivido por Jesus, o Cristo glorificado, Amor e Reconciliação universais, pode ser invocado para evitar o compromisso diante das injustiças e dos conflitos atuais. Quando se valoriza unilateralmente o Jesus servidor, desenvolve-se uma tendência para reduzir Jesus a um simples revolucionário ou a um sábio, ficando, assim, empobrecida, radicalmente, a novidade de Jesus; esquece-se de que o anuncio do Ressuscitado contém algo novo em relação ao Jesus terreno. Esquece-se do valor salvífico da ressurreição de Jesus; o encontro com Jesus Terreno, servidor, acaba sendo estéril, pois é no Espírito do Ressuscitado que Jesus se torna presença viva e que o Evangelho pode ser, de fato, a Boa- Nova Libertadora (cf 2Cor 3,4-18)
(Estudo feito a partir do livro O Encontro com Jesus Cristo Vivo- Pe. Alfonso Garcia Rubio)

O "AGIR" do Documento de Aparecida.

"Discípulos missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida."

MISSÃO DOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS A SERVIÇO DA VIDA PLENA: A ação evangelizadora da Igreja pare ds desafios da realidade, confrontandos com a luz do Evangelho. As condições de vida de muitos ecluídos, marginalizados e abandonados em sua miséria e dor contradizem o projeto de Deus e desafiam os cristãos a um maior compomisso em favor da cultura da vida. A vida em abundância que Cristo propõe e oferece a todos é incompatível com essas situações. A promoção da vida implica libertação integral, humanização, reconciliação e inserção social.
IRRADIAR, EM COMUNIDADE, A VIDA NOVA EM CRISTO: O desafio dapromoção da vida é para todos os critãos, no seio de uma comunidade eclesial, toda missionária. Para isso, a Igreja precisa desinstalar-se do comodismo, da indiferença, à margem do sofrimento dos pobres latinos-americanos. Que cada comunidade cristã se converta em poderoso centro de irradiação de vida em Cristo. Faz-se necessário verdadeiro e novo Pentecostes que nos livre do cansaço,de desilusão em que estamos e vivemos.
CONVERSÃO PASTORAL: Na Igreja, os cristãos são convocados, chamados e " intimados" a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral. Isso exige que nossas comunidades passem da pastoral de conservação e manutenção para uma pastoral missionária, para uma ação pastoral com plano diocesano e paroquial como resposta consciente e eficaz para atender às exigências do mundo de hoje, com indicações programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho. Os leigos devem participar do discernimento e planejamento, da tomada de decisões e execução.
RENOVAÇÃO ECLESIAL : A conversão pastoral exige e impõe uma renovação eclesial que envolve reformas espirituais, pastorais e institucionais. A firme decisão missionária, de promoção da cultura da vida deve impregnar as estruturas eclesiais e planos de pastoral, abandonando as estruturas ultrapassadas, obsoletas e inadequadas. É aconselhável a setorização das paróquias em unidades menores com equipes de animação e coordenação próprias, que permitam maior proximidade de pessoas e grupos para partilhar a palavra de Deus e a vida e dar respostas a seus desafios e problemas.
O REINO DE DEUS E PROMOÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA: O Evangelho da vida tem uma destinação universal, passa pela promoção da dignidade humana de todas as pessoas, ambientes e povos. Por isso, a partir da perspectiva do Reino, não cabe à Igreja trabalhar sozinha, mas juntar-se a pessoas e instituições empenhadas nessa tarefa. Necessidades urgentes levam a colaborar com organismo e instituições para criar estruturas mais justas e solidárias, inclusivas de todos, nos ambientes local, nacional e internacional.
A OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES E EXCLUÍDOS: Nos pobres, a dignidade humana está profanada. A opção pelos pobres, traço que marca a fisionomia da igreja o continente, está implícita na fé cristológica no Deus que se fez pobre por nós para enriquecero com sua graça, amor e salvação. A opção pelos pobres deve manifestar-se em gestos visiveis e concretos na defesa da vida e dos direitos dos excluídos, no apoio a seus esforços de serem sujeitos de mudança e transformação de sua situação. A Igreja será "advogada" da justiça e "defensora" dos pobres, diante das desigualdades sociais e eonõmicas. Sendo preferencial,a opção pelos pobres deve perpassar as estruturas e prioridades pastorais.
UMA RENOVADA PASTORAL SOCIAL: A opção pelos pobres exige renovados esforços pra fortalecer uma Pastoral Social estruturada, orgânica e integral, que, com a assistência e promoção humanas, se faça presente nas realidades de exclusão e marginalização, onde a vida está ameaçada. Que ações concretas tenham incidência nos Estados para a aprovação de políticas sociais e econômicas que atendam às necessidades da população e conduzam ao desenvolvimento sustentável.
A DIGNIDADE E PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES: Inúmeras mulheres não são devidamente valorizadas em sua dignidade e contribuição na família, na Igreja e na sociedade. É preciso superar a mentalidade machista,ois o cristianismo reconhece e proclama igual dignidade e responsabilidade entre o homem e a mulher. Urge criar estruturas e espaços que favoreçam sua inclusão plena na vida eclesial, familiar, cultural, social, econõmica e política e promovam o protagonimo das mulheres na evangelização e efetiva presença nos ministérios leigos, as esferas de planejamento e decisão.
O CUIDADO COM A ECOLOGIA: As gerações futuras têm direito de receber um mundo habitável. Por isso, devemos respeitar natureza, ter amor à terra como fonte de alimentos, casa comum e altar de partilha. Urge buscar um modelo de desenvolvimento de todos por uma ecologia natural e humana.
NOSSOS POVOS E A CULTURA: Na evangelização, as recentes mudanças de cultura devem ser conhecidas e assumidas pela Igreja. A inculturação se faz necessária e a fé deverá oferecer padrões culturais alternativos para a sociedade atual, sem esquecer os meios de comunicação, conhecer e valorizar a nova cultura da comunicação, formar profissionais na cultura da comunicação, educar a consciência crítica no uso dos meios de comunicação. Porém, eles não substituem as relações pessoais, nem a vida comunitária.
NOVOS LUGARES E CENTROS DE DECISÃO: É preciso semear os valores evangélicos no mundo da comunicação, da cultura, da ciência e das relações internacionais, formar os pensadores e pessoas de decisão. Se há estruturas que geram pobreza, geramente é fruto da infidelidade ao compromisso evangélico nas responsabilidades políticas, econômicas e culturais.
A PASTORAL URBANA: A Pastoral Urbana ( melhor seria, pastoral das grandes cidades !) envolve e exige novas experiências pastorais como a renovação das paróquias, sua setorização, novos ministérios, grupos, associação, movimentos, comunidades... Às vezes, transparece medo do novo, do diferente... Urge uma Pastoral Urbana que atenda às variadas e complexas categorias sociais, que aposte na experiência de comunidades ambientais supra paroquiais, que intensifiquem a presença eclesial, sobretudo nas periferias urbanas.
Fonte: Documento de Aparecida.
Artigo de Pe. Agenor Brighenti em " Família Cristã".
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